quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Chineses querem construir o trem bala


Depois dos coreanos, japoneses, alemães, espanhóis e franceses, é a vez dos chineses entrarem na disputa pela construção do trem de alta velocidade (TAV) que vai ligar as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Uma comitiva do Ministério das Ferrovias da China, liderada pelo diretor-geral, Wu Wey, desembarcou ontem no Brasil para buscar informações sobre o projeto e o processo de licitação, cujo edital deve ser publicado em setembro, com possibilidade de a concorrência ocorrer em meados de 2010.Formada por oito integrantes, entre executivos, técnicos do ministério chinês e engenheiros, a delegação passará cinco dias no Brasil em visitas a representantes de governos estaduais e federais. A primeira reunião será hoje, em Brasília, após a realização da audiência pública que discutirá a viabilidade e a implantação do projeto. Eles se encontrarão com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e com o presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo.Depois, passarão pelo Rio de Janeiro para um encontro com o secretário de Estado dos Transportes, Julio Lopes, e, possivelmente, com o governador Sérgio Cabral (PMDB). Por último, seguirão para São Paulo para uma reunião agendada com o secretário de Estado dos Transportes, Mauro Arce, e muito provavelmente com o governador José Serra (PSDB). Campinas não foi incluída no roteiro pela escassez do tempo. Porém, a visita está certa para uma próxima vinda da comitiva ao Brasil, ainda sem data para ocorrer.DisposiçãoDe acordo com o diretor-presidente da Asian Trade Link (ATL) no Brasil, Marco Polo Moreira Leite, responsável pela ponte entre os governos chinês e brasileiro, os chineses estão com “disposição total” para vencer o páreo dos concorrentes para a construção do TAV no Brasil. O principal argumento são os recursos. Segundo ele, o governo chinês tem cerca de US$ 280 bilhões para investir no setor ferroviário tanto do seu país quanto de outras nações. Só para se ter uma ideia, o governo brasileiro estima o investimento na construção do TAV em R$ 34,6 bilhões.Neste caso, o Brasil seria a porta de entrada para os investimentos chineses em trens de alta velocidade na América do Sul. Em outras modalidades férreas, por exemplo, o governo chinês já demonstrou seu poderio no Brasil e na América do Sul. De acordo com Leite, foram eles que venceram — desbancando a França e a Coreia do Sul — a licitação internacional do governo do Estado do Rio para fornecer à Supervia, concessionária de trens urbanos da região metropolitana, 30 trens elétricos por US$ 165 milhões. Também no Rio de Janeiro, eles venderam 114 novos carros para o Metrô do Rio, empresa responsável pela operação dos metrôs na capital fluminense.Já na Venezuela, eles fecharam um contrato de US$ 7,5 bilhões com o governo de Hugo Chávez para a construção de 468 quilômetros de ferrovias que vão ligar quatro estados venezuelanos. “O Ministério das Ferrovias da China detém várias empresas (autarquias) e um orçamento excelente. Dessa forma, eles se formam em consórcios e vencem as licitações apresentando preços muito inferiores aos demais, dos outros concorrentes”, disse o diretor-presidente da ATL.O empresário acrescentou que a China também venceu recentemente licitações na área de ferrovias na Argentina, no Paquistão, na Indonésia e no Irã. De acordo com dados do Ministério das Ferrovias, a China, cuja malha ferroviária totaliza 80 mil quilômetros, tem como meta construir, até 2012, 13 mil quilômetros de linhas para o seu TAV. Até 2015, o traçado para o trem-bala na China deve totalizar 16 mil quilômetros. “A título de comparação, a malha de trens-balas no mundo, hoje, soma 10 mil quilômetros. E estamos numa luta imensa para construir 511 quilômetros”, disse, referindo-se à extensão da obra do TAV no Brasil, prevista no projeto de implantação.SAIBA MAISNo cronograma do Ministério dos Transportes, divulgado há duas semanas, as obras do TAV no Brasil deverão ser concluídas em 2014 para a realização da Copa do Mundo.Deputado estuda pedir auditoria permanenteO deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP), de Americana, na Região Metropolitana de Campinas (RMC), disse ontem que estuda solicitar ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma auditoria permanente sobre os projetos de implantação e execução do trem de alta velocidade (TAV) que vai ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Ele disse que a complexidade do projeto e a quantidade de recursos a ser empenhada pelo governo federal são suficientes para se ter um acompanhamento dos trabalhos. “O investimento é muito grande e a população é quem vai pagar por isso. Então, tudo tem de ser feito às claras, e a Comissão de Viação e Transportes (CVT) vai acompanhar com lupa todo o andamento do processo”, disse. A audiência pública que será realizada hoje em Brasília, na Câmara dos Deputados, foi proposta pelo deputado, integrante da CVT, junto dos deputados Carlos Zarattini (PT-SP), Jaime Martins (PR-MG) e Duarte Nogueira (PSDB-SP). A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, não participará do encontro. No lugar dela, irá o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio de Oliveira Passos. Participarão ainda do debate o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Galvão Coutinho. De Campinas, irão o assessor-executivo da presidência da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Maurício Thesin, e o vereador Luis Yabiku (PDT), representando a Câmara de Campinas. O secretário de Transportes do Estado de São Paulo, Mauro Arce, e o diretor de Engenharia da Companhia de Transportes Sobre Trilhos da Secretaria de Transportes do Estado do Rio de Janeiro (Riotrilhos), Bento Lima, estarão presentes, além de representantes dos governos coreano, chinês, japonês e alemão. (VBF/AAN)
Fonte : Correio Popular (Campinas)

Nenhum comentário:

Postar um comentário