sábado, 25 de agosto de 2012
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
sábado, 3 de abril de 2010
O pré-sal e Revolução Educacional.
É evidente que a maior mazela de nosso país é a falta de educação. É dela que surge a manutenção do complexo de inferioridade e desinteresse político do nosso povo , que perpetua essa ciclo vicioso de pilantras que gerenciam a política Nacional desde sempre. A Educação é irmã gêmea do Movimento Ambientalista , visto que sem um conhecimento mais amplo do Universo e do papel do Homem nele é praticamente impossível a compreensão da necessidade de respeito aos recursos Naturais em nosso Planeta.
A Conferência Nacional de Educação (Conae)2010, ocorrida em Brasília de 28 de março à 1 de abril em sua plenária final sugeriu a destinação de 50% dos recursos da extração de petróleo da camada pré-sal para a Educação.
“Não dá para acontecer com o pré-sal o que aconteceu com a borracha, com o ouro e o pau-brasil, bens que geraram muita riqueza, mas riquezas muito mal distribuídas. E para nós distribuir bem riqueza é investir em educação", afirmou o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Ian Ivanovicht.
Seria extraordinário que nessa etapa da discussão da destinação destes recursos financeiros, onde se vê de tudo, até governadores fazendo chantagem, que tívessemos lideranças políticas comprometidas com uma Revolução Educacional e levassem adiante essa maravilhosa idéia.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Peixes e humanos sob ameaça
Marcela Valente
Buenos Aires, 22/12/2009, (IPS) - Mais de 30 especialistas de Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai realizaram uma pesquisa que alerta para a ameaça que paira sobre espécies de peixes e 50 comunidades na Bacia do Prata, o segundo maior sistema hídrico de alta biodiversidade da América do Sul, depois do Amazonas.
Crédito: Naciones Unidas | |
O trabalho apresenta aspectos biológicos da Bacia do Prata, que abriga cerca de 200 especies de peixes, mas também analisa os aspectos sócio-econômicos sobre as comunidades e a legislação. Nesta região vivem 130 milhões de pessoas e cerca de 30 mil pescdores artesanais em 50 núcleos urbanos entre pequenos povoados e cidades. A pesquisa, apresentada este mês e intitulado “Uso sustentável de peixes na Bacia do Prata. Avaliação Sub-regional do Estado de Ameaça, Argentina e Paraguai”, foi realizada pela Fundação Proteger, da Argentina, presidida por Peteán, e pela organização Guyra Paraguay.
Coordenados pelo Escritório Regional para a América do Sul da União Internacional para a Conservação da Natureza, os especialistas, nesta primeira etapa, se concentraram na Argentina e no Paraguai, mas o desafio – disseram – é expandir o estudo aos demais países da Bacia, que são Brasil, Bolívia e Uruguai. A Bacia do Prata tem 3,2 milhões de quilômetros quadrados e inclui os rios Paraguai, Pilcomayo, Bermejo e em especial o Paraná e o Uruguai, que despejam suas águas no Rio da Prata. Sua biodiversidade em peixes está ameaçada por superexploração pesqueira, represas, estradas e hidrovias mal planejadas, agricultura intensiva, desmatamento e incêndios.
Dos 191 tipos de peixes que foram avaliados, há 11 em estado de ameaça. Algumas são espécies migratórias afetadas por represas que causam descontinuidade no fluxo do rio e com isso segregam artificialmente as populações que precisam emigrar para se reproduzir, como o salmão. De outras 50 há dados insuficientes. “Isto ocorre com espécies raras e pouco conhecidas no âmbito científico”, explicou à IPS Cristina Morales, coordenadora do Programa Espécies de Guyra Paraguay. “As espécies raras são, em geral, muito mais susceptíveis à extinção do que as mais comuns”, alertou.
“Devido ao seu pequeno tamanho populacional, as catástrofes naturais e entrópicas têm um efeito mais mortífero sobre estas espécies, e soma-se à falta de informação sobre suas necessidades de habitat ou história natural, não se permite delinear ações de conservação para estas espécies”, disse a especialista. Sobre o total de espécies analisadas há seis com interesse comercial e esportivo muito alto. São o sábalo, primeira espécie de rio em exportações argentinas; o dourado; o surubim pintado, o surubim tigrado, o pacu e o manguruyú, este último classificado pelos especialistas como espécie “vulnerável”.
O trabalho diz que “os processos relacionados com a fragmentação do habitat, construção e operação de represas, alteração do regime dos rios, desmatamento, introdução de espécies de fora, contaminação da água e pressão pesqueira produzem um efeito negativo sobre as populações de peixes”. E recomenda mais pesquisa, leis conservacionistas, planos de manejo e controle de capturas. Morales considera que também “é chave articular ações e estratégias entre os governos que fazem parte da área de distribuição das espécies ameaçadas”. A avaliação, para a especialista, é apenas “um primeiro passo” nesse caminho.
Os pesquisadores também se propuseram “contribuir para melhorar a qualidade de vida das comunidades que dependem desses recursos”, envolvendo os pescadores no monitoramento de espécies e desenvolvendo capacidades entre estes atores que são os que mais incidem na sustentabilidade da Bacia. O estudo destaca o vínculo de interdependência que há entre os recursos e as comunidades ribeirinhas mais pobres. “O setor social de menor renda tem uma alta dependência dos recursos naturais, daí sua degradação o perda de acesso aos mesmos provocar sérios impactos”, diz a pesquisa.
Também destacam que a Bacia “deve ser valorizada e manejada responsavelmente pela sociedade e pelos governos”, porque isso “se traduziria em uma fonte importantíssima de recursos econômicos obtidos de maneira sustentável”. E acrescentam que “a pesca tradicional com propósitos vários, como alimentação familiar e subsistência, turismo e recreação, festas esportivas e comércio para o mercado interno, representa um fator essencial quanto à segurança alimentar, uma fonte de divisas e um motor muito importante para as economias regionais”. (IPS/Envolverde)
sábado, 17 de outubro de 2009
Narrativa de um educando
“A luta pela preservação do Cerrado Campineiro”
Aconteceu que me envolvi nesta história por haver terminado de participar do processo de formação de Educadores ambientais populares – COEDUCA -, o que resultou internamente numa potencialização de valores como cidadania, responsabilidade ambiental, cultural e com comunidades aprendentes. Isto porque após todo um longo trabalho por 18 meses, aprendemos mais do que teorias. Na busca de um diagnóstico socioambiental, desenvolvemos um novo olhar para nossa cidade - o olhar pela ótica de seu povo -. Seus quereres, sonhos, medos, expectativas, tradições.
E este método baseado entre outros conceitos na Pedagogia da Práxis, foi parte do Profea (Programa Nacional de Formação de Educadores Ambientais), por um Brasil educado e educando ambientalmente para a “sustentabilidade”. Termos como Justiça Ambiental, Pertencimento, o Saber Ambiental, Emancipação, Território, etc., foram exaustivamente dialogados entre os educandos e educadores durante processo de formação dos Coletivos Educadores Ambientais de Campinas.
Andei pela cidade, descobri com meus colegas de coletivo naquela que acreditávamos ser a Macrozona 5, tesouros incontáveis. A Mata Bela Aliança é um deles. O Cerrado do bairro Itajaí, outro. E foi aí que começaram as tristezas e preocupações.
Encantados com o cerrado campineiro descobrimos nele (eu e meu amigo Marcão, Pap4, no processo Coeduca) espécies raras, como o pequi que pensávamos já extinto em nossa região. Ao som do canto da fogo-apagou, da seriema, do tico-tico do campo, do sabiá laranjeira, fomos entrando cerrado a dentro e fotografando tudo que podíamos. Pudemos verificar como o processo de urbanização e de especulação imobiliária vem devastando o bioma cerrado nesta região, sem respeito algum ao meio ambiente, inclusive com locais de mananciais importantes para a Bacia do Rio Capivari, já bastante impactados e sem proteção de matas ciliares...
Foi já na segunda fase do Coeduca – pós formação – quando o Coletivo acabou se identificando como um único grande coletivo através da dinâmica da Teia, traçada pelas interrelações dos coeducandos esparramados pelas diferentes macrozonas da cidade, mas articulados de alguma forma entre si, que os acontecimentos se precipitaram em relação à ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos. Como faço parte de um coletivo interdisciplinar e com membros das mais variadas facetas da sociedade, me chegaram muitas notícias e convites para participar de diálogos sobre assunto de tão grande relevância para a cidade, onde toda a população da região metropolitana de Campinas será afetada de forma direta ou indireta por este pretenso mega-empreendimento. E um destes convites me foi enviado pelo Condema (Conselho do Meio Ambiente) e como Educadora Ambiental que acredita na responsabilidade ambiental de todos e em nossos sentimentos de pertencer a um território que gera uma cidadania ativa, prontamente compareci.
Nesta reunião acabei por conhecer duas pessoas da comunidade atingida pela desapropriação, hoje minhas grandes amigas, Eliza Novak e Dinorá (presidente da Associação de Bairros no entorno de Viracopos). E ouvi suas falas emocionadas. São moradoras em pequenas chácaras de 3.000 m², onde levam uma vida rural e simples, porém com muita qualidade e sustentabilidade. Eliza possui umas vaquinhas de leite e um touro nelori manso como um cachorrinho, de nome Bebê ( que hoje está misteriosamente desaparecido). Dinorá possui grande liderança na região, inclusive com seus vizinhos do outro lado da pista (os antigos atormentados pelo fantasma da desapropriação) – no Campo Belo. Ela sempre cuidou até da vacinação da criançada, na própria sede da associação, que fica em sua casa mesmo. Tem fotos dela junto com nosso querido prefeito Antonio da Costa Santos enfeitando paredes. Há relatos de que ele adorava o lugar. O que é perfeitamente compreensível, pois como grande arquiteto urbanista que foi, vislumbrava o patrimônio histórico e cultural, bem como o potencial ambiental que esta região representa para toda Campinas. Tive o privilégio de conhecer estas comunidades porque no encontro com Eliza e Dinorá, na reunião em que estive presente do Condema, imediatamente perguntei se poderia ir conhecer suas chácaras e elas aceitaram de pronto. Sem me conhecerem, foram guias turísticos de uma generosidade e paciência com meu deslumbramento ambientalista, exacerbado diante de tanta e inesperada beleza. Caminhamos pelas florestas. Pisamos nas águas do Rio Capivari-mirim, ainda transparentes e correndo em seu leito natural de pedras. Na mata de transição, com imensos jequitibás e jatobás, bem fechada como todo bom e saudável fragmento de Mata Atlântica, de repente o sol começa a clarear mais entre as árvores que vão se distanciando aos poucos e você está dentro do bioma cerrado. Uma lebre passa feito relâmpago à nossa frente. Fotografar, nem pensar. Ela é muito rápida no seu pular de lebre por entre a vegetação de gramíneas, herbáceas, arbustos e árvores tortas deste lindo remanescente do cerrado campineiro. O mesmo que corre o risco de ser suprimido e soterrado junto com suas nascentes, riachos, ribeirões, rios, lagos, represas, lagoas... agora na primavera, as lobeiras estão carregadas de fruta do lobo – do lobo Guará, que anda por lá. Jaguatirica também aparece à noite, assaltando galinheiros. O povo faz vista grossa. Eles tem galinhas e pintinhos demais, patos demais, marrecos, perus. A seriema passeia no quintal da Eliza. Um casal de coruja Canindé anã mora no pé de abacate, porque tem copa bem fechada e fica escurinho durante o dia. Perto dali passa o Riacho Viracopos - suas nascentes alimentando a terra com águas vindas do interior da mesma terra - sons de cachoeiras. Nos campos cerrados muitos buracos da coruja buraqueira (Athene cunicularia), que voa de dia e que voa de noite. Em homenagem a esta ave abundante no cerrado Viracopos, os ambientalistas de Campinas fundaram um grupo em defesa deste bioma e das populações e comunidades tradicionais existentes na região da ampliação, o MOVER – Movimento Viracopos Ético e Responsável – que tem como símbolo a coruja buraqueira.
O Mover é um coletivo que se formou espontaneamente por membros da sociedade civil, de ONGs da região, conselhos e moradores proprietários ou não de terras desapropriadas. Começou pequeno, mas a nós já se agruparam alguns partidos políticos e alguns políticos – vereadores de Campinas e das outras cidades da RMC, além de alguns amigos Educadores Ambientais. Graças a este movimento ambientalista, o EIA/RIMA apresentado pela Infraero em audiência pública na Câmara de Vereadores de Campinas – na época, apenas para cumprimento às leis – agora está em processo de reavaliação dos graves impactos negativos e o início das obras foi adiado para 2011, devido às dificuldades na obtenção do licenciamento ambiental.
É um exemplo de mobilização da sociedade civil organizada, com base no socioambientalismo, na justiça ambiental para a preservação dos direitos humanos à sustentabilidade de seu território.
Na visão da Educação Ambiental caracteriza-se na concepção de Comunidades de Aprendizagem e Qualidade de Vida (“São lugares de emancipação cuja medida é o surgimento de práticas solidárias(Boaventura de Souza Santos, 2000) – A plena realização das Comunidades de Aprendizagem e Qualidade de Vida contribui para a descolonização do Futuro, para a superação do “Utopismo automático da tecnologia”, para o resgate da comunidade como base da emancipação e da significação das vidas humanas” – Profea, primeiro parágrafo – página 37).
Configura-se na visão da Educação Ambiental, que cita a necessidade das Comunidades não serem isoladas, pois sozinhas não possuem poder para mudarem aspectos macroeconômicos, fenômenos de alcance regional ou mundial que as influenciam. É papel da Educação Ambiental facilitar e potencializar a articulação das Comunidades, sempre numa perspectiva democrática e emancipatória. Uma articulação de Comunidades pode alcançar uma capacidade de transformação da realidade, também pelo desenvolvimento da intervenção coletiva (Profea – Série documentos técnicos – 7).
“ A descoberta mais importante dos dois últimos séculos é a de que estamos juntos num mesmo experimento frágil, vulnerável aos acontecimentos, ao julgamento equivocado, à visão estreita, à ganância e a má-fé. Apesar de separados em nações, tribos, religiões, etnias, línguas, culturas e políticas, nós estamos todos juntos numa aventura que se iniciou em épocas imemoriais, mas que no futuro não irá além da nossa capacidade de reconhecer que somos – como definiu um vez Aldo Leopold – membros e cidadãos plenos da comunidade biótica. Essa consciência tanto acarreta um imperativo como traz uma possibilidade. O imperativo é simplesmente que devemos dar toda a nossa atenção às condições e pré-requisitos ecológicos que sustentam todas as formas de vida.”( David W. Orr – Prólogo do livro “Alfabetização Ecológica” – Fritjof Capra e outros).
Dorinha Meres
Educadora Ambiental
Campinas, setembro/2009.
Bibliografia:
PROFEA - Programa Nacional de Formação de Educadoras(es) Ambientais
Série Documentos Técnicos – 7
Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental
Brasília/2006
CAPRA, Fritjof e outros – Alfabetização Ecológica
( Michael K. Stone e Zenobia Barlow, orgs.)
Editora Cultrix
São Paulo
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Como a poluição sonora atinge os animais
Existe, na natureza, um equilíbrio biológico entre todos os seres vivos. Neste sistema em equilíbrio os organismos produzem substâncias que são úteis para outros organismos e assim sucessivamente. A poluição vai existir toda vez que resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos) produzidos por microorganismos, ou lançados pelo homem na natureza, forem superior à capacidade de absorção do meio ambiente, provocando alterações na sobrevivência das espécies. A poluição pode ser entendida, ainda, como qualquer alteração do equilíbrio ecológico existente.
A poluição é essencialmente produzida pelo homem e está diretamente relacionada com os processos de industrialização e a conseqüente urbanização da humanidade. Esses são os dois fatores contemporâneos que podem explicar claramente os atuais índices de poluição. Os agentes poluentes são os mais variáveis possíveis e são capazes de alterar a água, o solo, o ar, etc.
Poluição, é portanto, uma agressão à natureza, ao meio ambiente em que o homem vive. Os efeitos da poluição são hoje tão amplos que já existem inúmeras organizações de defesa do meio ambiente. Segundo os zoólogos, as maiores dificuldades de adaptação dos animais ao cativeiro, decorrem principalmente do barulho artificial das grandes cidades.Por outro lado, comprova-se, que nos locais de muito ruído é mais acentuada a presença de ratos e baratas, agentes potenciais de transmissão de doenças. As vibrações sonoras produzidas por motores de avião provocam a mudança de postura das aves e diminuição de sua produtividade.
Pesquisadores dos EUA, estudando os efeitos do ruído sobre as plantas, fizeram uma experiência com as do gênero Coleus, possuidoras de grandes folhas coloridas e flores azuis. Doze dessas plantas, submetidas continuamente ao ruído de 100 dB, após seis dias apresentaram a redução de 47% em seu crescimento por causa, segundo os cientistas, da estridência persistente, que as fez perder grande quantidade de água através das folhas.
Infelizmente, nos humanos as conseqüências da poluição sonora não se ficam pela perda de audição. Ironicamente, enquanto não se perde, parte ou a totalidade desta, pode-se ficar sujeito a um role interminável de conseqüências ainda mais graves. A poluição sonora contribui para o agravamento da hipertensão, da taquicardia e arritmia, e também para desequilíbrios dos níveis de colesterol e hormonais. É também um fator de stress, e por isso pode ser responsável por distúrbios do sono, dificuldade de concentração, perda de memória, outras perturbações psíquicas e até tendências suicidas.
As conseqüências do ruído nos animais silvestres são em muito semelhantes às sofridas pelos humanos, e ainda piores em alguns casos. Muitos animais dependem diretamente da audição para comunicar e para caçar, ou para evitar ser caçados. A diminuição destas capacidades acaba frequentemente por se fazer sentir ao nível da produtividade e de um elevado número de parâmetros fisiológicos. Os animais silvestres evitam zonas de grande poluição sonora como as grandes metrópoles. Certamente que o ruído não é a única razão por que o fazem, mas é natural que tenha um peso considerável, com efeito sabe-se que os animais silvestres evitam o ruído por si só. Vende-se incluse no mercado máquinas para produzir o ruído com a finalidade de espantar aves dos campos agrícolas. Em todo o caso, quando da utilização repetida destes mecanismos, como sucede por exemplo em alguns aeroportos, as aves acabam por se habituar e passam a ignorar o ruído. Mesmo assim, obviamente que pelo simples fato de os animais se habituarem ao ruído não podemos concluir que este não lhes é prejudicial.
Atualmente a poluição sonora não se restringe sequer às zonas habitadas, chega efetivamente a quase todo o lado. Desde as imensidões geladas dos pólos, até às selvas mais remotas, as atividades humanas e conseqüentes ruídos fazem-se sentir, nem que seja através do número crescente de aviões que cruzam os céus.
Ao nível dos oceanos, o problema parece ser ainda mais grave. Por um lado, é pelo fato dos mares e oceanos não serem habitados por humanos, não se investe quase nada na redução do ruído produzido nesse meio. Por outro lado, a propagação do som na água faz-se não só mais rapidamente, como até maior distância do que no ar.
Os oceanos albergam ainda animais, com características particulares associadas ao som, como os cetáceos (baleias, golfinhos) que estão dotados de sonar, e que dependem deste sistema de eco-localização para se alimentar e se orientar. Pensa-se que interferências neste apurado sentido possam estar na origem da colisão de cetáceos com redes de pesca, ou dos cada vez mais freqüentes erros de navegação que os levam a encalhar em praias e baixios.
A poluição sonora está na origem de um enorme número de problemas para todos aqueles que de uma forma ou de outra se beneficiam do maravilhoso sentido da audição. O primeiro passo na procura de uma solução para esta questão passa pela tomada de consciência de que este é um problema em que somos a causa, uma das vítimas, e a única solução.
texto Carol Candeia